Nem Serra, nem Dilma, nem Marina, queremos um presidente com o perfil de Garcia Moreno, heróico presidente do Equador

Varão católico, firme e intransigente nos princípios, morto por inimigos da fé católica devido à sua coerência na aplicação desses princípios e por sua coragem na defesa da Igreja e do Papado.

García Moreno: "Infatigável, justo, enérgico em suas decisões, lógico em sua vida"


Gabriel Garcia Moreno nasceu em Guayaquil, sul do Equador, em 24 de dezembro de 1821. Seu pai, Gabriel Garcia Gómez, espanhol, faleceu repentinamente quando ele era pequeno, pouco depois de perder a fortuna. Sua mãe, D. Mercedes Moreno, da aristocracia local, procurou um sacerdote para ensinar-lhe as primeiras letras. Estudou depois no Colégio San Fernando, de Quito.


Movido pelo fervor religioso, recebeu as ordens menores em 1838. Entretanto, convencido da falta de vocação, ingressou na faculdade de Direito. Ao formar-se, dedicou-se à política

Durante curto período foi comissário de guerra na jurisdição norte, e em 1846 dirigiu alguns periódicos oposicionistas, mas colaborou com o governo na ameaça de invasão do país pelo general Flores em 1847. Foi ativo membro do conselho municipal de Quito, e depois governador de Guayas. Em 1849 foi exilado pela primeira vez, fazendo no ano seguinte sua primeira viagem à Europa.

De volta ao seu país, dedicou-se novamente à política. Em 1853, trabalhou com êxito para que o Equador aceitasse os jesuítas, expulsos da Colômbia. Foi eleito senador, mas não pôde tomar posse. Mais uma vez foi desterrado por três anos, aproveitando esse período para aprofundar seus estudos na França, e o fez com tal afinco, que adoeceu. Numa carta, afirma: “Reconheço que tenho abusado de minhas forças, e pouco faltou para que me prejudicasse. Nem minha cabeça nem minhas forças estão em proporção com a energia da minha vontade”.(1)

Voltando ao Equador, desempenhou vários cargos elevados na vida cultural do país. Em 1857 foi eleito prefeito de Quito e reitor da universidade local. Iniciou sua carreira de senador, na qual se destacou por flamejantes intervenções. A 2 de abril de 1861 foi designado presidente da nação.

Missão providencial: livrar o país do caos

Fazendo juntamente com a Venezuela parte da Grã-Colômbia, criada por Bolívar logo depois da guerra de independência no início do século XIX, o Equador surgiu como nação autônoma em 1830, com o desmoronamento daquela união. As revoluções que se seguiram lançaram o país no caos. Maus governos, além de ressentimentos nacionais (litoral contra a serra, burgueses de Guayaquil contra proprietários rurais da região alta, brancos contra índios e negros), faziam com que o único traço — e este, sublime — que unia todos os equatorianos fosse a Religião Católica, Apostólica, Romana. Sobre essa força viva, a mais arraigada e generalizada no Equador, Garcia Moreno procurou moldar seu governo.


Não era fácil, pois os católicos estavam praticamente órfãos. O clero, reduzido e relaxado, não cumpria devidamente suas funções. Os seminários em decadência, a instrução religiosa carente e parcelas da população inteiramente sem guia.

O Equador precisava nesse momento de mão forte. E os próprios adversários de Garcia Moreno são os primeiros a reconhecer que ele foi o homem providencial para aquele momento crítico.

Um historiador sintetizou com precisão seu caráter e sua obra: “Infatigável, estóico, justo, enérgico em suas decisões, admiravelmente lógico em sua vida, Garcia Moreno é uma das maiores personalidades da história americana [...]. Em quinze anos transformou completamente seu pequeno país segundo um vasto sistema político, que somente a morte o impediu de consumar. Místico do tipo espanhol, não se conformou com a contemplação estéril; necessitava de ação: foi organizador e criador”.(2)

A doutrina da Igreja seria sua guia para todos os atos governamentais. “Sua filosofia foi inspirada na doutrina clássica do tomismo”.(3)

Resolução do presidente: Concordata com a Santa Sé
 Papa Pio IX, que concedeu a Garcia Moreno a condecoração de primeira classe da Ordem de Pio IX

Quando Garcia Moreno assumiu a presidência, a situação da Igreja no Equador era de insubordinação, imoralidade, relaxamento geral. Isso devido em grande parte ao sistema do padroado, que limitava o poder da Santa Sé, deixando ao governo civil a prerrogativa de zelar pela Religião. Para sanar essa situação, o presidente procurou logo fazer uma concordata com Roma. Já seu primeiro artigo dá a tônica de toda ela: estipula que a Religião Católica, Apostólica, Romana continuaria sendo a única do Estado e conservaria os direitos e prerrogativas que Ela deve gozar segundo a Lei de Deus e as disposições canônicas. Todo culto dissidente ficava proibido. Como conseqüência lógica, “a instrução da juventude nas universidades, colégios, faculdades, escolas públicas e particulares será, em tudo, conforme à doutrina da Religião católica”.(4) Isso porque “a Religião católica era um dos poucos vínculos da nacionalidade equatoriana [...]. O catolicismo é uma força de coesão política”.(5) Por isso, “os artigos fundamentais [da concordata] não foram atacados, nem sobre eles se propuseram emendas”.(6)

Consagração do Equador ao Sagrado Coração de Jesus


Quadro do Sagrado Coração de Jesus que presidiu a consagração do Equador à sua devoção
Quando da invasão dos Estados Pontifícios em 1870, Garcia Moreno foi o único governante no mundo a elevar sua voz, enviando ao ministro das Relações Exteriores da Itália uma nota de protesto contra o esbulho sofrido pelo Soberano Pontífice, e denunciando a usurpação que realizava o governo italiano. O Papa, agradecido, concedeu-lhe a condecoração de primeira classe da Ordem de Pio IX, com um Breve de recomendação datado de 27 de março de 1871.(7)


“Como manifestação de solidariedade à Santa Sé, [Garcia Moreno] decretou, em 1873, que se enviasse ao Sumo Pontífice dez por cento dos dízimos que correspondiam ao Estado”.(8)

Entretanto, o ato mais simbólico do governo de Garcia Moreno foi a consagração eclesiástica e civil da República ao Sagrado Coração de Jesus nesse mesmo ano. “Reconheço a fé do povo equatoriano, e essa fé me impõe o sagrado dever de conservar intacto o seu depósito”, afirmou o presidente nessa ocasião.(9)

Já em 1861 um decreto da Convenção havia declarado a Virgem das Mercês Padroeira da nação equatoriana.

Morte heróica, devido ao ódio à fé católica




Placa que indica o lugar onde Garcia Moreno caiu ferido de morte e escreveu no solo:“Deus não morre”

Até onde iria chegar esse governo em seu fervor religioso? Isso preocupava as lojas maçônicas, que começaram a planejar seu extermínio.


Numa carta a Pio IX, como que antevendo seu fim, Garcia Moreno escreveu: “Que riqueza para mim, Santíssimo Padre, ser odiado e caluniado por meu amor ao nosso Divino Redentor! Que felicidade, se vossa bênção obtiver para mim do Céu a graça de derramar meu sangue por Ele, que, sendo Deus, quis derramar Seu sangue por nós na cruz!”.(10)

No dia 6 de agosto de 1875 Garcia Moreno entrou na catedral para fazer uma visita ao Santíssimo Sacramento antes de ir para o palácio presidencial. Vieram avisar-lhe que alguém precisava falar com ele com toda urgência. Quando subia as escadarias do palácio, um celerado chamado Rayo, aos gritos de “morte ao tirano”, atingiu-o na nuca com um facão, e quase decepou-lhe os braços com os quais procurava proteger-se, enquanto três cúmplices disparavam-lhe tiros no peito. Garcia Moreno, moribundo, foi jogado na praça, onde Rayo deu-lhe várias facadas na cabeça. Enquanto agonizava, conseguiu molhar o dedo no próprio sangue e escrever no chão: “Dios no muere”.

Levado às pressas para a catedral ainda com vida, recebeu a extrema-unção antes de expirar.

Ao saber da dolorosa notícia, o Papa Pio IX declarou que o Equador “distinguiu-se milagrosamente pelo espírito de justiça e pela fé inabalável de seu Presidente, que mostrou-se sempre o filho submisso da Igreja, cheio de devoção para com a Santa Sé, e de zelo para manter a Religião e a piedade em toda a sua nação [...]. Então, nos conselhos das trevas organizados pelas seitas, esses vilões decretaram o assassinato do ilustre Presidente. Ele caiu sob o aço de um assassino como uma vítima de sua fé e de sua caridade cristã”.(11)

Fervorosa vida espiritual

Cruz que o católico presidente do Equador carregou durante a Semana Santa, agora na catedral

Pelas resoluções anotadas no livro de piedade Imitação de Cristo, encontrado no bolso do presidente Garcia Moreno quando de seu assassinato, pode-se ver o grau de virtude a que tinha chegado o futuro mártir:
“Cada manhã, enquanto faço minhas orações, pedirei especialmente a virtude da humildade.
“Cada dia ouvirei Missa, rezarei o rosário e lerei, além de um capítulo da Imitação, esta regra e as instruções anexas.
“Procurarei manter-me, tanto quanto me for possível, na presença de Deus, especialmente na conversação, de modo a não dizer palavras inúteis. Oferecerei constantemente meu coração a Deus, principalmente no início de cada ação.
“Em meu quarto, nunca rezar sentado quando puder fazê-lo de joelhos ou de pé. Praticar pequenos atos diários de humildade, como oscular o chão, por exemplo. Desejar toda sorte de humilhações, mas ao mesmo tempo tomar cuidado para não as merecer. Regozijar-me quando minhas ações ou minha pessoa forem insultadas e censuradas.
“Nunca falar de mim mesmo, a não ser para reconhecer meus defeitos ou faltas.
“Fazer todo esforço, pelo pensamento de Jesus e Maria, para controlar minha impaciência e contradizer minhas inclinações naturais. Ser paciente e amável, mesmo quando quiserem abusar de mim; nunca falar mal de meus inimigos.
“Cada manhã, antes de começar meu trabalho, escreverei o que tenho que fazer, sendo muito cuidadoso em distribuir bem meu tempo, entregar-me somente a coisas úteis e necessárias, e continuá-las com zelo e perseverança. Observarei escrupulosamente as leis da justiça e da verdade, e não terei intenção, em todas as minhas ações, senão em buscar a maior glória de Deus.
“Farei exame particular duas vezes por dia do meu exercício das diferentes virtudes, e um exame geral cada noite. Confessar-me-ei toda semana”.(*)
Notas:
1. Cartas Inéditas. Garcia Moreno a Roberto Ascásubi. Piura, 20 de abril de 1855; apud Ricardo Pattée, Garcia Moreno e o Equador de seu tempo, tradução de Cecília F. Vargas, Editora Vozes, Petrópolis, 1956, p. 126.
2. Calderón García, Latin America: its Rise and Progress, Londres, Unwin, p. 220; apud Ricardo Pattée, op. cit., p. 15.
3. Ricardo Pattée, op. cit., p. 329.
4. 3° artigo, apud Ricardo Pattée, op. cit., p. 151.
5. Belisário Quevedo, Sociologia Política y moral, Quito, Editorial Bolívar, 1932, p. 54; apud Ricardo Pattée, op. cit., p. 152.
6. J. Tobar Donoso, La Iglesia Ecuatoriana en el siglo XIX, I; apud Ricardo Pattée, op. cit., p. 159.
7. E. MacPherson, The Catholic Encyclopedia, Volume VI, Transcribed by Kenneth M. Caldwell, Copyright © 1909 by Robert Appleton Company. Online Edition, Copyright © 1999 by Kevin Knight.
8. “El Nacional”, n° 300, 10 de outubro de 1873, apud Ricardo Pattée, op. cit., p. 294.
9. José Félix Herédia, La Consagración de la República del Ecuador al Sagrado Corazón de Jesús, Quito, Editorial Ecuatoriana, 1935, p. 198; apud Ricardo Pattée, op. cit. p. 295.
10. The Catholic Encyclopedia, Online Edition.
11. Palavras do Papa Pio IX numa audiência pública em Roma, em 20 de setembro de 1875; apud Gary Potter, Garcia Moreno, Stateman and Martyr,

Fonte: (*) Apud Gary Potter, Garcia Moreno, Stateman and Martyr, José Maria dos Santos, catholicism.







Recordando um pouco os fatos

José Serra, o PAI DO ABORTO no Brasil

Ministério da Saúde ensina a matar


O Ministro da Saúde José Serra, louvável em sua luta no Senado contra os cassinos, decepciona-nos agora com uma "norma técnica" editada no dia 9 de novembro de 1998 ensinando aos hospitais do SUS os meios mais eficientes de matar uma criança cujo pai seja culpado do crime de estupro.

Trata-se de uma aspiração antiga dos abortistas: autorizar o aborto via Poder Executivo, uma vez que a tramitação dos projetos de lei pelo Poder Legislativo é lenta demais e encontra muitos obstáculos.

Devemos compreender que a sede de sangue dos grupos pró-morte é grande demais para esperar o Congresso Nacional aprovar uma lei que autorize o aborto. Um caminho muito mais curto é pressionar o Ministério da Saúde (Poder Executivo) que através de uma "norma técnica" determine o início do massacre pela rede pública de saúde. As pressões já vêm do tempo do ex-Ministro da Saúde Carlos Albuquerque, que se declarava contrário ao aborto. Agora elas recaíram sobre o atual Ministro José Serra, que lamentavelmente acabou cedendo.

Uma dúvida deve estar intrigando a cabeça do leitor: teria o Poder Executivo competência para autorizar a prática de um ato definido como crime pelo Poder Legislativo? Claro que não! Houve uma evidente usurpação de funções. Mas a esta objeção os abortistas respondem candidamente dizendo que o Ministério da Saúde não está "legalizando" o aborto, mas apenas "disciplinando" a prática do aborto nos casos em que ele já é "legal"(?).

Aqui é preciso muita paciência para explicar pela enésima vez que não existe caso algum de aborto "legal" no Brasil. O que o famigerado artigo 128 do Código Penal diz é que há dois casos em que o aborto, apesar de ser crime, "não se pune". A não punição está muito longe da permissão ou do aplauso. Se um filho furtar algo dos pais, não será punido em razão do artigo 181 do Código Penal. Esta suspensão da pena é chamada "escusa absolutória" e é feita por razões de política criminal. Mas ninguém de bom senso chamaria de "furto legal" àquele praticado entre familiares, simplesmente porque "não se pune" . Nem diria que furtar dos pais é um "direito" dos filhos. Nem chegaria ao cúmulo de dizer que o Ministério da Educação deveria "disciplinar" o exercício de tal direito, mandando as escolas públicas ensinarem às crianças as maneiras mais higiênicas e seguras de surrupiar coisas dos pais.

O que o Ministro da Saúde fez não é menos absurdo. Determinou a prática do crime do aborto pela rede pública de saúde pelo simples fato de ele não ser punível em caso de gravidez resultante de estupro.

Se você visitar a página do Ministério da Saúde em que se encontra esta "norma" de sangue (http://www.saude.gov.br/programas/mulher/norviol.html), poderá constatar certos fatos que seriam cômicos se não fossem tão trágicos.

O título do documento parece inofensivo: "Prevenção e tratamento dos agravos resultantes da violência sexual contra mulheres e adolescentes - Norma técnica - 1ª edição - Brasília - 1998." O aborto é chamado eufemisticamente "esvaziamento da cavidade uterina". A criança a ser trucidada é chamada de "concepto". Os restos mortais do bebê são chamados "material embrionário ou fetal eliminado".

Para a prática do aborto basta a apresentação de um Boletim de Ocorrência Policial, o que se obtém em qualquer delegacia e não constitui prova alguma da existência do estupro. Não são obrigatórios o registro de Atendimento Médico à época da violência sofrida nem o laudo do Instituto Médico Legal. As portas estão escancaradas para a falsificação de estupros e o aborto em série.

O assassínio da criança é feito de maneiras diferentes, de acordo com sua idade. Até 12 semanas (três meses), recomenda-se o esquartejamento (curetagem) ou a aspiração da criança em pedacinhos. Entre 13 e 20 semanas (até cinco meses) recomenda-se o uso do misoprostol, substância que causa violentas contrações no útero e expulsa o bebê. Acima de 20 semanas (não sei por que motivo) o Ministério da Saúde recomenda poupar a vida do inocente.

Reação

O segundo vice-presidente da Câmara deputado Severino Cavalcanti (PPB/PE) reagiu acusando o Ministro José Serra de extrapolar suas atribuições, passando por cima do Poder Legislativo. Para sustar a "norma" do Ministro, Cavalcanti elaborou um Projeto de Decreto Legislativo (PDL), que recebeu o número 737/98. O PDL 737/98 estava em pauta no dia 8 de dezembro de 1998, mas não foi apreciado pela Câmara em razão da obstrução comandada pelos líderes do governo para forçar um entendimento em torno da MP da Filantropia, o que acabou cancelando todas as votações daquele dia. A matéria só deve ser apreciada na segunda quinzena de fevereiro, quando o Congresso retoma seu trabalho ordinário. O deputado já dispõe de 300 assinaturas para o pedido de urgência da proposta. Uma vez aprovado o requerimento de urgência (que requer maioria absoluta dos membros da Câmara), será votado o mérito do projeto, que requer maioria dos presentes.

E até lá?
Em matéria legislativa, nada mais resta senão esperar a segunda quinzena de fevereiro. E enquanto isso, que faremos? Ficaremos parados, observando a chacina estender-se pelos hospitais públicos do nosso país? Um advogado poderia talvez encontrar um recurso judicial para impugnar a "norma" do Ministério da Saúde e pedir a concessão de uma liminar. Acontece que todos os advogados já nasceram. Será que algum deles teria interesse em defender a vida dos ainda não nascidos?


Norma Técnica do Aborto aumenta o número de abortos

O título acima é óbvio. Que outro efeito poderia ter a Norma Técnica que instrui os hospitais do SUS a matar criancinhas de até cinco meses de vida a não ser aumentar o número de abortos?

No entanto, houve quem negasse o óbvio. Transcrevo literalmente as palavras da Dra. Tânia Lago, Coordenadora da Área Técnica da Saúde da Mulher, em uma carta circular de 12 de julho de 2001, tentando justificar a Norma assinada pelo Ministro José Serra: "A Norma Ténica produzida pelo Ministério da Saúde visa apoiar ao contrário do que afirmam, não estimula a prática do aborto e sim pretende evitá-lo".

O português da frase está meio estranho, mas é assim que está escrito no original. Segundo a doutora, a Norma do Aborto visaria evitar o aborto.

No entanto, uma recente reportagem publicada pelo Jornal do Brasil, constata exatamente o contrário (e óbvio): o número de abortos vem aumentando desde que a Norma foi assinada, em 9 de novembro de 1998. A jornalista Cinthia Garda, porém, comete o costumeiro equívoco de chamar de aborto "legal" àquele que é proibido, mas não punido pelo Código Penal. Parece que ela ainda não aprendeu que todo aborto é ilegal no Brasil. Leiamos a matéria:

http://www.jb.com.br/papel/brasil/2001/12/01/jorbra20011201005.html

BRASÍLIA - Enquanto 13 projetos sobre aborto tramitam no Congresso Nacional, 48 hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS) já interrompem a gestação de mulheres grávidas em conseqüência de estupros. Em 1999, apenas oito estabelecimentos realizavam esse procedimento no país. O aumento coincide com a publicação de uma norma técnica, com diretrizes para o atendimento a mulheres e adolescentes vítimas de violência sexual, assinada há três anos pelo ministro da Saúde, José Serra (grifo meu).

A norma técnica obriga os hospitais públicos a fazer aborto nos casos que, segundo o Código Penal, não podem ser punidos: quando há risco de vida para a mulher ou a gravidez decorre de estupro.

Entre 1989 e 2001, houve cerca de 800 abortos legais no SUS, segundo o Jorge Andalaft, presidente da comissão para o assunto na Federação das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia (Frebasgo). Quase a metade teria ocorrido nos últimos três anos (grifo meu). Os hospitais, embora desobrigados a realizar o aborto legal, multiplicam os serviços. Em 2002, ano de eleições, deputados dificilmente tocarão em tema tão polêmico. Um protesto em novembro trouxe a Brasília manifestantes que marcharam com cartazes chocantes.

("Norma técnica da Saúde aumenta aborto legal", Jornal do Brasil, 02/12/2001)

Como se vê, a morte de inocentes com nossos impostos tem-se tornado uma prática cada vez mais comum nos hospitais públicos. Quando o costume houver-se instaurado em todo o Brasil, será fácil transformar uma situação de direito em uma situação de fato. Terá então chegado a hora de se legalizar o aborto no país.

E ainda há quem pense em votar em José Serra para presidente...

Deus se compadeça de nós.

Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz

Presidente do Pró-Vida de Anápolis
 
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Dia Não ao ABORTO, não podemos votar em candidatos que é favoravel á atual legislação, que permite o aborto em caso de estupro e de perigo de vida da mãe.




Hoje lamentamos pela Argentina em aprovar a união civil entre homossexuais, amanhã poderemos lamentar por nós mesmo (brasileiros).

Os principais candidatos à Presidência da República já se manifestam favorável ao direito à união civil de casais homossexuais.

O candidato José Serra, já se disse favorável à união civil de gays e também à adoção de crianças por casais do mesmo sexo. "Tem tanto problema grave de crianças abandonadas no Brasil que, para elas, é uma salvação," disse em 21 de junho, durante sabatina realiza pelo jornal Folha de S. Paulo e pelo portal de internet UOL, na capital paulista.

A candidata Dilma Rousseff, também já defendeu a causa. "Sou a favor da união civil. Acho que a questão do casamento é religiosa. Eu, como indivíduo, jamais me posicionaria sobre o que uma religião deve ou não fazer. Temos que respeitar", afirmou durante participação no programa Roda Viva, da TV Cultura, em 28 de junho.

A candidata Marina Silva, também defendeu o direito da união civil, mas admitiu que, por se orientar por princípios cristãos, é contrária ao casamento gay por considerar o matrimônio um sacramento. "É preciso separar as duas coisas", afirmou. Marina disse respeitar os direitos civis dos homossexuais, como a divisão patrimonial e direitos previdenciários, mas disse não ter uma opinião formada sobre a adoção de crianças por casais gays.

Será que é este, o futuro que nós católicos queremos para o Brasil?

O ensinamento político de São Pio X

Jean Ortoli


INTRODUÇÃO


Creio que não é necessário apresentar São Pio X ao leitor da revista Le Sel de la Terre, mas gostaria de chamar a atenção para um aspecto importante da vida de José Melchior Sarto: seu nascimento, em 2 de junho de 1835, em Riese, vilarejo de Veneza, numa modesta família de agricultores. Filho da terra e marcado por ela, ele deve a suas origens camponesas o excepcional senso de realidade e a tenacidade a toda a prova que foram, ao longo de seu pontificado (1903-1914), o traço dominante de seu ensinamento e de sua atividade política.


Voltaremos a isso numa breve conclusão.


Este artigo é parte de uma tese de doutorado feita em 1971 de História do Direito e das Instituições, seção de nossas faculdades cujo programa reserva um lugar para a Igreja Católica entre as instituições francesas desde a Gália romana até os tempos modernos; lugar justificado pelos conselhos dados pela Igreja, bem enraizados na sociedade civil desde suas origens, e pelos papéis que ela desempenhou ao longo de sua história.


Sociedade de dimensões temporais, certamente, que ocupa um lugar evidente no ranque das instituições na sociedade dos homens, a Igreja também é, e acima de tudo, ao menos para seus fiéis, uma sociedade espiritual cuja finalidade suprema – a salvação eterna – se impõe a todos, membros da hierarquia e simples fiéis, mesmo que contrarie ou desafie os objetivos e interesses temporais: o pontificado de Pio X, rico de acontecimentos às vezes dolorosos, especialmente na França e Portugal, é uma perfeita ilustração disso.


Levando em conta essa dupla “dimensão” da Igreja, o objetivo de nossa tese consistia em fazer aparecer, através das atividades do pontificado de Pio X, os laços fortes e constantes que uniram as duas ordens, espiritual e temporal, ficando a segunda, em todos os casos, submissa à primeira. Creio que o leitor desta revista já está convencido disto, mas restava demonstrá-lo, apoiado em citações e exemplos, a um júri da Faculdade pública. Em outras palavras: como a Igreja absolutamente não é uma sociedade como as outras, era preciso pôr em evidência a “lógica eclesiástica” em que se enquadra a política do pontificado de Pio X. Por exemplo, como e por que consideráveis interesses materiais – os bens da Igreja na França – foram sacrificados no altar da República para salvaguardar o essencial: a liberdade da Igreja da França, necessária ao exercício de sua missão divina.


As pesquisas sobre o pontificado de Pio X conduziram o autor a analisar o conjunto dos atos oficiais da época (1903-1914) de maneira sistemática.[1] Tratando-se da sociedade civil, é importante distinguir os dois campos de atividade pontifical que aparecem de antemão:

– o governo propriamente dito: a política interna própria da Igreja (na França, o caso do Sillon, por exemplo); a política externa, sobretudo em relação aos Estados (o caso da separação, por exemplo);



– o ensinamento, de importância capital, pois é a doutrina da Igreja, recordada de maneira precisa pelos sucessivos Papas que a têm por guia em suas atividades internas e externas e que a explicitam segundo as necessidades do momento.



Neste ensinamento, a filosofia política desempenha um papel essencial. Louis Jugnet nos lembra que “toda doutrina política, tenha-se consciência disso ou não, supõe uma filosofia […]. Só se analisa verdadeiramente bem uma doutrina política quando se conhecem suas raízes filosóficas, explícitas ou não”.[2]



Ora, o estudo dos textos oficiais de Pio X revela um verdadeiro corpus de doutrina e de filosofia política, um conjunto de dimensão insuspeitada – pelo menos para o autor dessa tese… – e de rigor impressionante. Propomos aqui resgatar seus traços essenciais, divididos em duas partes:



1 – os fundamentos e as características gerais do ensinamento político de Pio X;


2 – a doutrina política decorrente.


I


FUNDAMENTOS E CARACTERÍSTICAS GERAIS
DO ENSINAMENTO POLÍTICO DE PIO X


O ensinamento de um Papa, sem dúvida, não é conferido por acaso: o contexto religioso, político e social do momento o exigem na maioria das vezes. Ameaças e diversas derivas estiveram na origem dessas admoestações, em teologia e espiritualidade certamente, mas também na doutrina política quando o estado da sociedade civil necessitava.


Sob o pontificado de Pio X, a ameaça mais grave tinha nome: o liberalismo político que afetava a sociedade civil em seus fundamentos e em seu funcionamento, além de contagiar a sociedade religiosa sob a expressão do que chamamos modernismo.


Pio X enfrentou esta ameaça determinando uma rigorosa ordem de batalha e reafirmando firmemente os princípios.


Eis aqui as etapas principais, apresentadas em sua sucessão lógica.


Evocação do objetivo primordial, a salvação eterna, finalidade suprema a ser alcançada por todos os fiéis


A Igreja existe para ajudar os fiéis nesta via. Para a doutrina católica, na verdade, só seriam possíveis verdadeiras concepções do homem levando-se em conta o fim último, pois Deus é o início e o fim de todas as coisas, incluindo a sociedade civil: convém, diz Pio X, “que o reino de Deus se estabeleça sobre a terra para a salvação eterna dos homens”.[3]


Portanto, desde aqui na terra: Omnia instaurare in Christo – Restaurar tudo em Cristo – é o verdadeiro Leitmotiv do ensinamento de Pio X e a chave indispensável para bem compreender as atividades de seu pontificado.[4]


Esses valores sobrenaturais lembrados várias vezes por Pio X são de fato indispensáveis à boa ordem natural. Leiamos o Padre Luc J. Lefèvre a esse respeito:


Pio X dá prioridade ao critério sobrenatural. Ele julga e exige que nós julguemos todas as coisas segundo as luzes da fé. Não seria suficiente evocar os princípios? Não, porque os princípios são dados para abrir caminhos e levar à ação. Pio X exige a aplicação exata, até rigorosa, dos princípios.[5]


Como atingir o objetivo?


Pio X nos dá o método: recorrer à razão – a filosofia – e à fé – a teologia –, que em nada se opõem. Pio X precisa: “Entre razão e fé não pode haver desacordo real”,[6] pois razão e fé são “duas filhas do mesmo Pai”.[7]


• Com a filosofia e a razão, que ela utiliza, é possível aceder à verdade ensinada pela Igreja com a condição de que a filosofia tradicional, que percebe o real, ocupe seu devido lugar: precaução indispensável, pois, escreve Pio X, “é inevitável que um falso princípio em filosofia corrompa todo o restante”.[8]


• Quanto à teologia, “tem por base a Revelação divina: ela fortalece na fé os que já têm a felicidade de levar o nome de cristão”.[9]


Na hierarquia das ciências, incluída a filosofia, a teologia deve ocupar, conseqüentemente, o primeiro lugar: “Em meio a esta grande abundância de ciências tão diversas que se oferecem ao espírito ávido de verdade, é de direito que a teologia tenha o primeiro lugar.”[10]


• Entre todos os métodos de teologia e de filosofia, deve-se dar prioridade ao da escolástica, sobretudo ao de Santo Tomás de Aquino: “Quando prescrevemos a filosofia escolástica, o que entendemos por isso – e este esclarecimento é capital – é a filosofia que nos legou o Doutor Angélico”,[11] filosofia em que aparecem claramente “os fundamentos sobre os quais toda a ciência das coisas naturais e divinas se encontra estabelecida”.[12]
Pio X condena então todo progresso da ciência filosófica e da teologia? Claro que não, desde que não se confundam os princípios tradicionais, que devem ser respeitados, com os métodos que podem beneficiar-se de verdadeiros progressos.[13]


A teologia e a “sã filosofia” vão assim permitir a refutação dos erros doutrinais: neste caso, os erros do liberalismo e dos sistemas dele originados.
As refutações


A rejeição do liberalismo


Já condenado por Pio IX no famoso Syllabus, o liberalismo alastrava-se mais do que nunca, especialmente na tentativa de sua conciliação com a doutrina católica que foi o modernismo. Pio X deplora o gravíssimo dano causado aos indivíduos que, levados pelas opiniões do liberalismo moderno [...], bebem em seguida [...] o veneno mortal de certas idéias que jamais poderão ser aceitas pela Igreja.[14]


Estas palavras iriam atravessar os séculos…


Mas de onde vem esta ideologia liberal? Pio X situa suas raízes históricas na Reforma e na Revolução: a Reforma, que preparou “as rebeliões e a apostasia dos tempos modernos”,[15] seguida, dois séculos depois, pelas “doutrinas dos pretensos filósofos do século XVIII, doutrinas da Revolução e do Liberalismo tantas vezes condenadas”.[16]
Quanto às raízes filosóficas, Pio X as denuncia particularmente na encíclica Pascendi e no Motu proprio de 1910:[17] trata-se do idealismo, ou subjetivismo, e do individualismo decorrente: esse “vago e mentiroso idealismo em que a razão individual é soberana…”[18]


Refutação dos sistemas derivados do liberalismo
Pio X refuta em seguida, com toda a lógica, todos os “produtos derivados” do liberalismo, todos ligados entre si como num grande conjunto de sistemas ideológicos que apresentamos aqui sucintamente:


• O racionalismo: Pio X conclama a “combater virilmente esse flagelo da razão e da fé que se espalha por todas as partes [...]. É o neo-racionalismo, cuja perniciosa influência deve ser afastada a qualquer preço”[19], até por certos católicos que fazem força para conciliar racionalismo e religião. “Inchados como pavões pelo espírito de vaidade, esforçam-se erroneamente por estabelecer a fé sobre a única base da razão natural.”[20]


• O naturalismo:


Nega-se, na verdade [escreve Pio X] que exista algo acima da natureza: a existência de um Deus criador de tudo e cuja Providência reja o universo.[21]


Entre outras conseqüências, os partidários dessa teoria colocam unicamente na natureza toda a excelência da virtude, sem preocupar-se em recorrer à fé e à graça divina. Segue-se que os atos que têm por princípio somente a honestidade natural não passam de aparências de virtude: não são nem duráveis em si nem suficientes para alcançar a salvação.[22]

• O romantismo, incluindo o sentimentalismo religioso. Citando a Bíblia, o Papa escreve que a Igreja sabe “quanto os sentimentos e os pensamentos humanos são inclinados ao mal”[23] (Gên, VIII, 21). O Papa adverte várias vezes os “sillonistas”[24] contra a “exaltação de seus sentimentos, a cega bondade de seus corações e seu misticismo filosófico mesclado de certo iluminismo”.[25] Essas tendências não ficam sem conseqüências no funcionamento da sociedade civil, especialmente no que se chamava “questão social”.


• O agnosticismo: o livre-pensamento. Um exemplo entre muitos: Pio X denuncia os “espíritos fracos” que compactuaram com esta filosofia que duvida de tudo e, por assim dizer, mergulha tudo nas trevas: abraçaram o agnosticismo juntamente com seu cortejo variado de doutrinas absurdas e sistemas multiplicados ao infinito, uns em oposição aos outros.[26]


• O cientificismo: sigamos o encadeamento das diferentes fases do ensinamento de Pio X:


– Ele começa por afirmar que a ciência é necessária e que o progresso é louvável: “exaltam-se com razão os progressos da civilização”.[27]


– Em seguida, lembra que a própria Igreja, contrariamente às calúnias de que foi alvo, nunca os negligenciou nem entravou, mas, ao contrário, os encorajou. Acusa-se injustamente [a Igreja] de apegar-se a velhas doutrinas, de pôr obstáculo aos progressos das ciências, de cortar as asas de todas as inteligências privilegiadas, de opor-se aos que ensinam a verdade. Não se pode imaginar nada mais falso nem mais injusto.[28]


“A história da religião cristã com eternos testemunhos reduziu [essa acusação] a nada.”[29]


– Mas, se fé e razão, Revelação e leis naturais, verdades sobrenaturais e verdades naturais são compatíveis, “tendo todas a mesma origem e a mesma fonte, que é Deus”,[30] há entre elas uma hierarquia necessária, estando as segundas por essência submetidas às primeiras, de modo que, de todas as ciências, a primeira é a teologia.[31]


– Eis por que Pio X não pode admitir a teoria modernista segundo a qual haveria liberdade total da ciência em relação à fé, nem, muito menos, a fortiori, a teoria segundo a qual haveria subordinação da fé à ciência:


Não pode haver liberdade total da ciência em relação à fé. [...] E, apesar de as terem considerado estranhas uma à outra, [não pode haver] subordinação da fé à ciência.[32]


– Não nos esqueçamos das numerosas advertências de Pio X contra a tentação do orgulho, por exemplo, na encíclica Communium rerum, V, 52 e 54, e contra as aparências enganosas das “palavras grandiosas e sedutoras, repetidas mil vezes, como é o caso da expressão ‘progresso da humanidade’”.[33]
– Aparecem então os limites da ciência e do progresso: são os próprios limites da inteligência e da ordem natural, o orgulho daqueles que não os reconhecem. Em contrapartida, aparecem as necessidades ligadas ao verdadeiro progresso científico: a humildade para reconhecer os limites da inteligência, a necessidade, para os cristãos, de uma subordinação da ciência à fé, pois a verdadeira ciência [a inteligência], a necessidade de unir numa santa aliança estas duas filhas do mesmo pai, a razão e a fé, pelas quais todos vivemos, [...] são [...] duas asas que nos elevam ao conhecimento de toda a verdade.[34]


Se estendemos demasiadamente este capítulo do cientificismo, é certamente por sua dramática atualidade, em especial no domínio das ciências biológicas.


• O laicismo: expressão do idealismo e do racionalismo, cuja falsa neutralidade e verdadeira finalidade Pio X denuncia: “Combater a religião.” A Igreja sempre sofreu perseguições, mas desta vez as armas mudaram: “Eis uma nova fase da eterna guerra declarada contra Deus; não há aí nada de novo, somente as armas empregadas.”[35]


• Os socialismos: Já em 1896 o cardeal Sarto estabelecia as ligações entre o liberalismo e as doutrinas socialistas. “As detestáveis e perniciosas doutrinas e os princípios subversivos do liberalismo, e de seus dignos filhos, o socialismo e a anarquia…” Esses erros não poupam os católicos seduzidos pelo idealismo do Sillon, que Pio X denuncia: “Sim, certamente, pode-se dizer que o Sillon escolta o socialismo, com os olhos fixos em uma quimera.”[36] Pio X previne então a sociedade contra “a tirania invasora do socialismo”,[37] que conduzirá ao totalitarismo, precisando em relação aos católicos: só à luz das doutrinas cristãs [...] podereis opor-vos eficazmente ao progresso do socialismo, que [...] avança ameaçador para destruir o edifício da sociedade, já abalado.[38]


Apesar disso, o Papa não exclui o papel do Estado em matéria econômica e social para “possibilitar a toda a gente de boa vontade sua legítima porção de felicidade temporal”.[39]


As respostas de Pio X


O que Pio X propõe então em contrapartida a essas teorias condenadas? Podemos resumir seu ensinamento em três grandes idéias:


– Lembrar-se incessantemente da primazia da ordem sobrenatural, em virtude da qual tudo i que há de racionalismo e naturalismo no mundo é arrancado pela raiz e destruído, restando à sabedoria cristã essa glória de ter conservado e defendido a verdade.[40]


– Mas Pio X opõe igualmente a esse idealismo, de onde procedem as teorias liberais, um sólido realismo filosófico e político. O liberalismo é um idealismo; a doutrina católica tradicional é profundamente realista: é claro, não se trata de realismo materialista, mas de um realismo que reconhece como reais tanto as verdades naturais quanto as sobrenaturais.


– Ora, os liberais e modernistas desviam-se constantemente dessas realidades pelo “espírito de novidade” que os caracteriza e que Pio X denuncia, sem concessão, nos “retratos psicológicos”. O ensinamento político e social de Pio X é rico em exortações cortantes, às vezes irônicas, sobre a atração inconsiderada pelas novidades que ele constata em bom número de seus contemporâneos. Aparece assim, nos diversos textos, uma verdadeira “mentalidade liberal” caracterizada pelo “gosto das novidades”, “sentimento sonhador e utópico”, “atração pelas aparências sedutoras”, “excessiva confiança em si mesmo”, etc. Pio X denuncia também a “capacidade de se desviar”, “uma alma fugidia”, “os loucos sonhos” de espíritos “iludidos por vãs esperanças”[41] desses liberais e modernistas.


Daí a necessidade de, entre outras coisas, precaver-se contra as aparências enganosas que fervilham na linguagem moderna. Pio X, por exemplo, convida os católicos a desconfiar de uma linguagem atraente que, escondendo o vago das idéias e o equívoco das expressões sob o ardor dos sentimentos e a sonoridade das palavras, pode inflamar os corações para causas sedutoras.[42]


II


A DOUTRINA POLÍTICA DE PIO X


Escudado nesses princípios fundamentais que decorrem da Revelação e das leis naturais, acessíveis pela fé e pela razão, e na Tradição da Igreja, Pio X intervém, através de seu ensinamento, na ordem política para combater as doutrinas liberais.


Lembramos que as principais noções de doutrina política de seu ensinamento vão aparecendo nos diversos documentos, que podemos agrupar sob quatro rubricas clássicas:

– o homem: indivíduo e pessoa humana;

– a sociedade: a Igreja; a sociedade civil;

– a autoridade e o poder;

– os regimes políticos ou formas de governo.


Indivíduo e pessoa humana


Pio X confronta duas concepções do homem, radicalmente opostas:


– por um lado, o homem como é concebido pelas teorias liberais – o indivíduo – simples idéia do homem real que, devido à ruptura da dupla “objeto-sujeito”, própria do idealismo, se revela sem conformidade com a realidade;


– por outro lado, a antropologia cristã, segundo a qual o homem é uma criatura de Deus, decaída pelo pecado original, submissa a seu Criador e destinada à salvação eterna. É por isso, escreve Pio X, que “o homem deve alimentar na terra preocupações mais elevadas do que as contingências perecíveis desta vida…”[43]


A concepção cristã, portanto, reivindica uma vocação sobrenatural do homem, e a concepção liberal uma vocação puramente temporal, com primazia das noções de liberdade, igualdade e fraternidade, “noções errôneas e funestas”,[44] frutos do idealismo e do individualismo. “Aí está”, escreve Pio X com ironia, “a grandeza e a nobreza humana ideais realizadas pela célebre trilogia…”[45]


Para bem compreender a repulsa de Pio X à “célebre trilogia”, pilar da corrupção liberal do homem, é preciso antes de tudo analisar a noção de dignidade humana.


Pio X constata com amargura, a respeito dos católicos modernistas seduzidos pela utopia liberal:


É apavorante ver os novos apóstolos dedicar-se a construir algo melhor [do que o cristianismo] com a concretização de um vago idealismo e de virtudes cívicas. O que produzirão? O que resultará dessa colaboração [com os liberais]?


A resposta do Papa é bem direta:


Uma construção puramente verbal e quimérica, na qual brilharão, em confusão sedutora, as palavras liberdade, justiça, fraternidade e amor, igualdade e exaltação humana, tudo baseado numa dignidade humana mal compreendida.[46]


A dignidade da pessoa humana


Segundo a doutrina católica, a dignidade da pessoa humana é a própria conseqüência da natureza do homem, criatura de Deus, destinada à salvação eterna: porque está ligado a Deus, o homem se beneficia de uma incontestável dignidade, e esta dependência implica obrigações.[47] A “dignidade humana mal compreendida” dos liberais e modernistas é, ao contrário, fundada sobre a autonomia do indivíduo. Segundo os liberais, escreve Pio X, o homem só será verdadeiramente homem, digno deste nome, no dia em que tiver adquirido uma consciência esclarecida, forte, independente, capaz de dispensar um mestre, obedecendo somente a si própria e podendo assumir e levar adiante as mais graves responsabilidades. [...] Será que os santos [acrescenta Pio X], que levaram a dignidade humana a seu apogeu, tinham essa dignidade?[48]
Resumindo:

– de um lado, uma concepção sobrenatural da pessoa humana, cuja dignidade é compatível com a necessária dependência do homem e, conseqüentemente, com a autoridade e a obediência que ela implica.
– do lado liberal, um antropocentrismo ligado a uma pretensa autonomia do indivíduo, que provém de uma concepção errônea da liberdade.


A liberdade


O ensinamento de Pio X sobre este tema é muito denso. Aqui podemos apenas assinalar as etapas principais:


• Em primeiro lugar, o Papa lembra que o homem é livre, fazendo alusão a essa “liberdade natural” desejada por Deus para permitir a cada um que escolha os meios que julgar mais úteis para seu fim, negando ao mesmo tempo qualquer determinismo: “Na redenção, Deus opera com o homem, e a liberdade do homem, que Deus quer sempre respeitar, pode opor-se à vontade divina.”[49] Por isso Pio X estima que essa “liberdade natural [...] é de direito”[50]


• A liberdade do homem pode então opor-se à vontade divina:


Certamente é possível que o homem que quer abusar de sua liberdade viole os direitos e a autoridade suprema do Criador; mas a vitória permanece sempre com o Criador.[51]


• Contrariamente a certas acusações, a fé e a religião são perfeitamente compatíveis com a verdadeira liberdade: segundo alguns, “a fé cristã aprisionaria a liberdade [...]. Será preciso demonstrar que tais alegações são destituídas de fundamentos?”[52] A fé não é a livre adesão à verdade revelada? Quanto à Igreja, ela “está tão longe de sufocá-la [à liberdade], que sempre ensinou que essa liberdade devia estar desimpedida de qualquer entrave”.[53]


• Se fé e liberdade são compatíveis, autoridade e liberdade são mais ainda: a verdadeira liberdade cristã, que se situa numa perspectiva sobrenatural, pressupõe a autoridade, a de Deus e a de seus mandamentos, aos quais é preciso submeter-se. Certamente, em decorrência de sua natureza, que o liga a Deus, o homem se beneficia de direitos; mas, sendo o homem dependente de Deus, tais direitos estão em harmonia com deveres. Na liberdade ‘liberal’, fruto do idealismo individualista, ao contrário, há confusão entre liberdade e autonomia do indivíduo.


• Esses erros liberais e modernistas têm origem no que Pio X chama “corrupção da liberdade”:[54]


– Ele denuncia com vigor esses “homens que, […] levados pela preocupação exagerada de uma suposta liberdade”, vagueiam no que na verdade é uma “licenciosidade desenfreada”,[55] perigosa para o homem e para a sociedade.


Sim, essa licenciosidade desenfreada de opiniões e costumes, que não respeita nenhuma autoridade, nem divina, nem humana, que destrói todo direito e que, abalando as bases da ordem e da disciplina, conduz os Estados à ruína; essa liberdade é condenada pela Igreja.[56]
– Além disso, o Papa fustiga o orgulho subjacente: o “orgulho, este espírito de insubmissão que evoca uma conciliação da autoridade com a liberdade”.[57]


• Finalmente, Pio X insiste nas verdadeiras conseqüências da falsa liberdade.


Quando Deus é excluído, já não se respeitam as leis da cidade nem as próprias instituições mais necessárias: a justiça é desprezada, e a liberdade natural que é de direito fica oprimida.[58]


Paradoxalmente, a “liberdade liberal” denunciada por Pio X conduz à negação de toda verdadeira liberdade: testemunha disso é a legislação de exceção do governo francês, que, de 1901 a 1907, suprimiu as congregações e promoveu a liquidação dos bens da Igreja.


A igualdade

A concepção liberal da liberdade tem por corolário a igualdade absoluta e todas as suas conseqüências na ordem política e social. Pio X faz uma crítica breve, mas completa, especialmente em seu Motu proprio de 18 de dezembro de 1903,[59] a qual se pode apresentar em dois pontos:


• O Papa afirma primeiramente a desigualdade dos homens entre si.


A sociedade humana, tal como Deus estabeleceu, é composta de elementos desiguais, assim como o são os membros do corpo humano. É impossível torná-los todos iguais, o que acarretaria a destruição da própria sociedade. Conseqüentemente, é conforme à ordem estabelecida por Deus que na sociedade haja príncipes e súditos, patrões e proletários, ricos e pobres, sábios e ignorantes [...] que, unidos por um laço de amor, devem ajudar-se reciprocamente a atingir o fim último no céu e, na terra, o bem-estar material e moral.


Encontram-se assim excluídas, entre outras, as teorias socializantes fundadas no igualitarismo e na luta de classes.


Quer dizer então que a Igreja opõe-se a qualquer tentativa de atenuação dessas desigualdades que existem de fato? É claro que não: a Igreja permite e encoraja o progresso material que possibilite a redução das desigualdades materiais.


• Em que consiste então a verdadeira igualdade? Eis a resposta de Pio X: “A igualdade entre os diversos membros da sociedade consiste unicamente no fato de terem todos os homens sua origem em Deus, seu Criador.” Trata-se de uma igualdade das pessoas entre si com base na natureza da pessoa humana e em sua dignidade.


• A esses dois elementos de doutrina podemos acrescentar as considerações de Pio X sobre a justiça, sobretudo a justiça social.


A noção liberal de justiça é errônea e funesta, pois se funda no conceito de igualdade absoluta entre os indivíduos. Para os liberais, trata-se de “construir uma era de igualdade, que seria por isso mesmo uma era de mais justiça”.[60]


Ora, se assim fosse, a “justiça liberal” conduziria, ainda que paradoxalmente, à negação da verdadeira justiça:


Quando Deus é excluído, já não se respeitam as leis da cidade nem as instituições mais necessárias: a justiça é desprezada.[61]


Deus é então o autor e a maior garantia de toda justiça verdadeira.


Fraternidade liberal e caridade cristã

• A liberdade é o elemento fundamental da trilogia liberal, e a fraternidade é um pilar essencial sem a qual os dois outros desabam: a fraternidade é, de fato, de ordem moral; ela deve permitir que a trilogia vença o “egoísmo individual”. Pio X explica-o longamente:


Eis o elemento capital, o elemento moral. Como a autoridade é muito reduzida, faz-se necessária outra força para completá-la e opor uma reação permanente ao egoísmo individual. Este novo princípio, esta força, é o amor do interesse profissional e do interesse público, isto é, o próprio objetivo dos profissionais e da sociedade. [...] [Assim], livre da estreiteza dos interesses privados e elevado aos interesses de sua profissão e, acima disso, aos interesses da nação inteira e, mais acima ainda, aos da humanidade [...], o coração humano, dilatado pelo amor do bem comum, abraçaria todos os colegas de profissão, todos os compatriotas, todos os homens.[62]


Descrição realista e irônica em que se encaixa perfeitamente nossa atual compaixão universal.


• A esta fraternidade utópica, “humanista, sem consistência nem autoridade”,[63] Pio X opõe a caridade cristã:


– sua origem:


A doutrina católica nos ensina [...] que a fonte do amor ao próximo se encontra no amor de Deus, pai comum e fim comum de toda a família humana. [...] Qualquer outro amor é ilusão ou sentimento estéril e passageiro.[64]
– sua finalidade e seu dever:


O primeiro dever de caridade é o zelo pela melhora intelectual e moral do próximo, assim como pelo seu bem-estar material, e não, como se pensa, a tolerância das convicções errôneas, por mais sinceras que sejam, nem a indiferença teórica ou prática em relação ao erro ou vício m que vemos mergulhar nossos irmãos.[65]


– suas conseqüências aqui na terra:


A verdadeira união dos corações no amor de Deus [...] só pode realizar-se pela caridade católica, a única capaz de conduzir os povos na marcha do progresso em direção ao ideal da civilização.[66]
A sociedade


É preciso distinguir duas formas superiores de sociedade:


– a Igreja Católica, sociedade religiosa;


– a sociedade civil, sem esquecer a questão da civilização, ligada à das sociedades.


A Igreja Católica


Apesar de ser composta de homens, assim como a sociedade civil, a Igreja, em virtude de sua origem em Cristo e de sua finalidade, a salvação eterna, é de constituição divina. Surgem então dois temas principais: a constituição da Igreja, que, de fato, é na ordem temporal uma sociedade fora do comum; e o papel social incontestável da Igreja na sociedade civil.


• A constituição da Igreja: a Igreja Católica, lembra Pio X, “é, por natureza e por direito, uma sociedade perfeita, instituída como tal por nosso Redentor”.[67] Desta fonte divina “brotam a vida e o vigor da Igreja; é por isso que ela se distingue de qualquer outra sociedade”.[68] A Igreja é de constituição divina, certamente, mas também é uma verdadeira sociedade temporal: é uma “sociedade visível composta de mestres e discípulos, de administradores e súditos, de pastores, ovelhas e cordeiros”.[69]


Decorre daí que a Igreja é por essência uma sociedade desigual, isto é, uma sociedade que envolve duas categorias de pessoas, os pastores e o rebanho, os que ocupam um lugar nos diferentes graus da hierarquia e a multidão dos fiéis.[70]


Mas para cumprir sua missão junto aos fiéis, a Igreja deve usufruir de plena e inteira liberdade e não pode estar submissa a nenhuma dominação humana.[71]


Temos aqui o próprio fundamento da “política externa” de Pio X em relação a certos Estados, especialmente a França, na questão da separação e da espoliação dos bens da Igreja.


• A Igreja e o padre na sociedade civil


A Igreja, com suas doutrinas e seus ensinamentos, com sua moral, suas leis e os inúmeros meios de santificação de que dispõe, fornece, além da salvação eterna de cada um de seus filhos fiéis, o bem temporal das sociedades.[72]


O Papa deduz disso a necessidade absoluta de recorrer a esta Igreja para alcançar a salvação eterna e para obter a paz e até a prosperidade na vida terrestre.[73]


Estamos aqui bem longe da idéia de separação entre Igreja e Estado.


– Mas qual é então o papel do padre na sociedade civil? É essencialmente de ordem espiritual. Seu lugar é eminente: ele é “a luz do mundo, o sal da terra”.[74] No entanto, ele não deve negligenciar os assuntos temporais, sobretudo na medida em que podem favorecer a busca do fim último; pode até tomar parte ativa neles, mas com uma condição: evitar a armadilha do “clericalismo”, que se pode considerar como uma ruptura, deliberada ou não, do equilíbrio nas atividades dos padres entre o “espiritual” e o “temporal” em detrimento do sacerdócio:


O sério perigo a que os tempos atuais expõem o clero é a importância excessiva dada aos interesses do povo em detrimento dos interesses, muito mais graves, de seu ministério sagrado.[75]


– Conseqüentemente, escreve Pio X:


O padre, elevado acima dos outros homens para cumprir a missão que recebe de Deus, deve manter-se acima de todos os interesses humanos, de todos os conflitos, de todas as classes da sociedade.[76]

A sociedade civil

Os ensinamentos de Pio X acerca da sociedade civil são particularmente abundantes e podem resumir-se da seguinte maneira:


• Não há dúvida quanto à origem e à constituição da sociedade: “A sociedade dos homens é obra de Deus.”[77] É preciso, pois, respeitar a lei e a ordem naturais dessa sociedade, o que os liberais e modernistas não fazem devido a seu idealismo:


Eles sonham em mudar suas [da sociedade] bases naturais e tradicionais e prometem uma cidade futura edificada sobre outros princípios, que ousadamente declaram ser mais fecundos, mais benéficos do que os princípios sobre os quais repousa a cidade cristã atual.


E o Papa acrescenta: “Não, não se edificará a cidade de outra maneira além daquela como Deus a edificou.”[78] A não ser para tornar a sociedade doente.


• As doenças da sociedade moderna: sim, “a sociedade está doente; todas as partes de seu corpo estão feridas, as fontes de vida foram atingidas”.[79] Que doença é esta? “Esta doença [...] os senhores conhecem: é, em relação a Deus, o abandono e a apostasia.”[80] Ora, se o fundamento da religião é invertido, rompe-se necessariamente o laço da sociedade civil, triste espetáculo no presente e grandes ameaças para o futuro.[81]


Visão pessimista? Quatro anos depois eclodia a Grande Guerra.


• Quais são então os remédios? “Omnia instaurare in Christo”,[82] certamente, pois “a força das sociedades está no pleno e absoluto reconhecimento da realeza social de Nosso Senhor”.[83]


Mais precisamente, trata-se de:


– respeitar a lei moral, fundamento da ordem social;[84]


– proteger a juventude, ameaçada mais que todos, dando-lhe uma educação cristã;[85]


– acima de tudo, dar valor à família, “o primeiro e mais sólido fundamento da sociedade civil”,[86] protegendo-a do divórcio[87] e preservando a autoridade paterna,[88] autoridade necessariamente mesclada de bondade: “O bom pai de família tornará seu filho bom.”[89]


• O Estado, sociedade civil política – a pátria


– Pio X recorda a doutrina da Igreja: Deus é o autor, e portanto o senhor, das nações e dos Estados, que devem, conseqüentemente, respeitá-lo:


Deus não é somente o Senhor e o Mestre dos homens considerados individualmente. É também Senhor e Mestre das nações e dos Estados, e é preciso então que as nações e aqueles que as governam o reconheçam, o respeitem e o venerem publicamente.[90]


“O respeito às leis santas é a garantia mais segura do respeito às leis civis.”[91] E conclui que “é de extrema necessidade uma perfeita concórdia entre a Igreja e o poder secular”.[92]


Portanto, distinção entre as duas sociedades e não separação, sob pena de infligir “graves danos à própria sociedade civil”.[93]


• Quanto à pátria, Pio X nos dá uma definição, dirigindo-se a peregrinos franceses: a pátria é essa terra comum que foi vosso berço, à qual os laços de sangue vos ligam; e essa outra comunidade, mais nobre, das afeições e das tradições.[94]


O amor à pátria é legítimo; é igualmente benéfico. Pio X, evocando o novo elã da França sob o impulso patriótico e religioso de Joana d’Arc, exprimi-se assim:


O amor à pátria e a renovação de vida cristã redobram as forças e preparam os mais brilhantes sucessos.[95]


Para as nações católicas, há uma ligação necessária entre “o altar e a pátria”. A religião católica pode, neste assunto, ser assimilada ao patrimônio espiritual, à tradição da nação. O catolicismo ali se torna então patriótico; e o patriotismo, católico. É preciso então trabalhar “com ardor para salvar a religião e a pátria”.[96]


A civilização

O que Pio X tem para dizer sobre a civilização é de tal atualidade, que deveríamos citar tudo! Eis o essencial.


A característica de nossa civilização é ser cristã, e a história é testemunha desta marca do cristianismo: ao longo dos tempos, a Igreja “tornou-se a primeira imperatriz e a promotora da civilização”.[97] E a civilização é muito mais verdadeira, mais durável, mais fecunda quanto mais claramente for cristã; muito mais decadente, para grande infelicidade da sociedade, quanto mais se apartar do ideal cristão.[98]


Conclusão do Papa acerca deste ponto:


Não, a civilização não está por inventar [...]. Ela já foi, ela existe: é a civilização cristã, a cidade católica. O que falta é instaurá-la e restaurá-la sem cessar sobre seus fundamentos naturais e divinos.[99].


A autoridade – O poder


Deste capítulo, dois pontos sobressaem particularmente do ensinamento de Pio X:


A necessária autoridade:


Seja ela religiosa, civil ou doméstica, toda sociedade necessita de uma autoridade dirigente, que guie seus membros ao fim comum e que, ao mesmo tempo, proteja seus elementos essenciais.[100]


Mais ainda:


Se numa sociedade houver seres perversos [sempre haverá], não deverá a autoridade ser tanto mais forte quanto mais ameaçador for o egoísmo dos malfeitores?[101]


Finalmente, como vimos, há compatibilidade entre a autoridade, de um lado, e a liberdade e dignidade humana, do outro. Quanto à obediência, é obrigatória:


A obediência é necessária a todas as coisas[102] [e], por sentimento de dever, deve-se obediência aos que dão ordens porque estão revestidos de legítima autoridade.[103]


Autoridade “legítima”, portanto, e, além disso, “limitada” em seu direito pela lei natural: rejeição, conseqüentemente, das teorias que reconhecem uma autoridade humana tão absoluta quanto ilegítima, a saber, a supremacia do Estado, árbitro da religião, oráculo supremo da doutrina e do direito.[104]


Mas também, no outro extremo, rejeição do anarquismo, a doutrina mais nefasta e mais perniciosa para toda espécie de ordem, natural ou sobrenatural.[105]


A origem do poder


São Pio X retoma, utilizando várias expressões, a célebre frase de São Paulo: “Não há poder que não venha de Deus” (Rom., XIII, 1). Ele diz, por exemplo, que “o Senhor é o princípio de todo poder e de toda soberania”,[106] e acrescenta: “A autoridade humana é inoperante quando se esquece ou duvida de que todo poder vem de Deus.”[107] Inoperante e até perigosa, porque “só haverá um freio para governar todas as coisas: a força”.[108]


Resta ainda o problema da delegação do poder, assunto complexo, impossível de expor sem desenvolvimentos e citações, especialmente da Carta sobre o Sillon.[109] Eis a síntese:


– o poder é diretamente delegado por Deus aos governantes;


– a escolha popular – a eleição – designa a pessoa do governante, mas não poderia delegar o poder de governar, a não ser que reduzisse a autoridade a um mito.[110]


As formas de governo


A questão da escolha dos governantes leva naturalmente à das formas de governo. Eis o que em substância caracteriza o ensinamento de Pio X sobre o assunto:


a) Primeiro, uma observação: a Igreja não tem preferências:


Não é proibido aos povos escolher o governo que atende melhor a seu caráter ou às instituições e costumes que receberam de seus ancestrais.[111]


b) A Igreja admite, pois, a democracia,[112] mas condena o democratismo, ideologia que dá exclusividade à democracia. A democracia é admitida sob as mesmas condições que as outras formas de governo. “A democracia não usufrui de privilégio especial.”[113]


c) A Igreja condena igualmente a democracia liberal, fundada sobre a trilogia liberdade, igualdade e fraternidade, considerada por Pio X, como uma “utopia malsã”. A democracia é condenada não enquanto forma de governo, mas devido à ideologia de que ela emerge.


d) Assim também, a “democracia sillonista” é rejeitada, pois se assemelha ao filosofismo do século XVIII e da Revolução e, além disso, para os sillonistas, constitui o objetivo ideal: Pio X evocará “o sonho do Sillon”. Enfim e sobretudo, Pio X aponta, no “compromisso sillonista”, uma nítida tendência a submeter a religião católica a um partido político. Sendo o catolicismo uma religião universal, o ideal político do Sillon encontra-se numa “democracia universal”, cedendo assim ao erro do “democratismo”, condenado pela Igreja.


Este ensinamento permanece atual se transpusermos, por exemplo, esses erros denunciados por Pio X ao sonho de democracia mundial da atualidade, exportado – até à força – por certa “superpotência”.


CONCLUSÃO


Não se trata propriamente de concluir, mas de lembrar a atualidade deste ensinamento pontifical, evocado diversas vezes. No entanto, gostaríamos, por um lado, de responder a uma pergunta, e, por outro, de trazer algumas reflexões significativas sobre a personalidade de são Pio X.


À pergunta: “A obra de São Pio X deu frutos?”, tem-se, de acordo com uma visão humana – histórica, temporal… – de dar resposta negativa. Escutemos Marcel de Corte a respeito do assunto:


O que resta da obra de São Pio X depois de apenas meio século? Para o historiador… nada, absolutamente nada. O fracasso de São Pio X é humanamente patente.[114]


Mas convém, ao menos para os católicos, levar em conta também os efeitos de ordem espiritual e sobrenatural: os efeitos da graça, nem sempre imediatos ou tangíveis.


Algumas reflexões sobre a personalidade de São Pio X: “Foi um homem de caráter”, escreve Marcel de Corte. Ora, esse caráter desperta naturalmente a simpatia de uns e a repulsa daqueles a quem ele incomoda.


Curiosamente, os adversários mais acirrados se encontram nos meios católicos: eles vêem em Pio X um homem intransigente, intolerante, obstinado, para quem a força falava mais alto que a prudência.


Isso inspirou a seguinte reflexão a Aristide Briand, autor da lei da separação:[115]


Pio X! Como os católicos franceses não compreenderam melhor? [...] É um camponês, diziam com desprezo. Sim! Era um camponês. E aí está por que era admirável e dominava a todos nós.[116]


Essas origens camponesas são também lembradas por Marcel de Corte:


O pensamento de Pio X é espantosamente fiel a suas origens rurais. Para o camponês, toda experiência é objetiva, toda concepção do homem e do mundo está enraizada na realidade extramental, e, para ele, “o próprio sobrenatural é carnal”, sob pena de morte: ruína material, ruína moral, ruína espiritual.[117]


Que mais bela homenagem poderíamos fazer ao nosso santo Papa?

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* Artigo extraído de Le Sel de la Terre, n. 65, été 2008. Tradução: Letícia Costa.

[1] Por comodidade, foram escolhidos para o trabalho as Acta Sanctae Sedis publicadas pela Maison de la Bonne Presse (edição bilíngüe). São 382 atas, entre encíclicas e simples cartas. Nas citações serão indicados os tomos (de I a VIII) seguidos das páginas.
[2] Louis Jugnet: Problèmes et grands courants de la Philosophie, Paris, 1974, cap. IV “Philosophie et Politique”.
[3] Encíclica Communium rerum, V, 18.

[4] Por exemplo: a encíclica E supremi apostolatus, I, 33 e 37.

[5] Pe. Luc Lefèvre, “Avec son regard d’aigle”, La pensée catholique 19, 1951, p. 13.

[6] Encíclica Communium rerum, V, 31 (citação de Pio X do Concílio Vaticano I, constituição Dei Filius, cap. IV).

[7] Alocução de 10 de maio de 1909, VI, 149.

[8] Encíclica Jucunda sane, I, 155.

[9] Encíclica Communium rerum, V, 58.

[10] Encíclica Pascendi, III, 161 e Motu proprio, de 1º. de setembro de 1910, V, 144.

[11] Encíclica Pascendi, III, 161.

[12] Motu proprio de 1914, VIII, 71. Vários outros textos fazem referência a Santo Tomás. Calculamos que haja mais de uma dezena de referências.

[13] Veja por exemplo: encíclica Pascendi, III, 161; Motu proprio de 1910, V, 143; carta ao Padre Hugon, 1913, VIII, 39.

[14] Carta ao Cardeal Ferrari, 1906, II, 162.

[15] Encíclica Editae saepe Dei, V, 90.

[16] Carta sobre o Sillon, V, 124.

[17] Por exemplo: V, 166.

[18] Carta sobre o “modernismo literário”, 1910, V, 184.

[19] Carta apostólica de janeiro de 1904, I, 127.

[20] Encíclica Communium rerum, V, 55.

[21] Encíclica Jucunda sane, I, 153.

[22] Encíclica Editae saepe Dei, V, 103.

[23] Carta sobre o Sillon, V, 137.

[24] Os dirigentes do movimento “Sillon”, de Marc Sangnier e condenado por Pio X.

[25] Carta sobre o Sillon, V, 137.

[26] Encíclica Communium rerum, V, 52.

[27] Encíclica E supremi apostolatus, I, 37.

[28] Carta de 1907, III, 79.

[29] Encíclica Pascendi, III, 177. Ver também carta de outubro de 1907, III, 179, e alocução de novembro de 1903, I, 205 e 207.

[30] Alocução de 1903, I, 207.

[31] Ver acima a citação da encíclica Pascendi, III, 161.

[32] Encíclica Pascendi, III, 109.

[33] Motu proprio Sacrorum antistitum de 1910, V, 170. Ver também alocução de maio de 1914, VIII, 65, e encíclica Editae saepe Dei, V, 95.

[34] Alocução de 10 de maio de 1909, VI, 149.

[35] Encíclica Communium rerum, V, 31. Ver também encíclica Editae saepe Dei, V, 117.

[36] Carta sobre o Sillon, V, 137.

[37] Encíclica Il Fermo proposito, II, 137.

[38] Carta sobre a ação social, janeiro de 1907, III, 38.

[39] Carta sobre o Sillon, V, 138.

[40] Encíclica Ad diem illum, I, 87.

[41] Citamos somente os exemplos extraídos da encíclica Pascendi, da carta sobre o Sillon e da carta ao episcopado milanês de 1911 (VII, 96).

[42] Ibid.

[43] Carta de 1907, III, 36.

[44] Carta sobre o Sillon, V, 131.

[45] Carta sobre o Sillon, V, 129.

[46] Carta sobre o Sillon, V, 137.

[47] Entretanto, o homem perdeu sua dignidade com o pecado original. Ela só é restituída com o batismo, que apaga essa mancha e torna o homem filho adotivo de Deus. Pelo pecado mortal o homem também perde sua dignidade.

[48] Carta sobre o Sillon, V, 132.

[49] Discurso de 1908, IV, 242.

[50] Quae juris est naturalis libertas: encíclica Jucunda sane, 157.

[51] Encíclica E supremi apostolatus, I, 205.

[52]Alocução de 1903, I, 205.

[53] Ibid.

[54] Alocução de 1903, I, 205.

[55] Motu proprio de 1907, III, 185.

[56] Alocução de 1903, I, 205.

[57] Encíclica Communium rerum, V, 28.

[58] Encíclica Jucunda sane, I, 167.

[59] Motu proprio de 1903, I, 108 a 112.

[60] Carta sobre o Sillon, V, 131.

[61] Encíclica Jucunda sane, I, 167.

[62] Carta sobre o Sillon, V, 128 e 129.

[63] Carta sobre o Sillon, V, 138.

[64] Carta sobre o Sillon, V, 131.

[65] Carta sobre o Sillon, V, 131.

[66] Carta sobre o Sillon, V, 132.

[67] Encíclica Communium rerum, V, 26.

[68] Encíclica Editae saepe Dei, V, 88.

[69] Alocução de 1909, V, 150.

[70] Encíclica Vehementer, II, 133.

[71] Alocução de 1904, V, 237.

[72] Ibid.

[73] Encíclica Jucunda sane, I, 149.

[74] Exortação ao clero, 1908, VI, 20.

[75] Encíclica Il fermo proposito, II, 102.

[76] Ibid.

[77] Alocução de 1903, I, 211.

[78] Carta sobre o Sillon, V, 127.

[79] Encíclica Pascendi, III, 85. Esta frase é de uma atualidade impressionante!

[80] Encíclica E supremi apostolatus, I, 33.

[81] Encíclica Editae saepe Dei, V, 96, (26 de maio de 1910).

[82] Restaurar tudo em Cristo.

[83] Carta de 1913, VIII, 62.

[84] Carta de 1907, III, 38.

[85] Cartas de 1905, III, 328 e de 1907, III, 59.

[86] Encíclica Jucunda sane, I, 157.

[87] Carta de 1909, VI, 142.

[88] Alocução de 1907, III, 215.

[89] Ibid.

[90] Alocução Gravissimum, 21 de fevereiro de 1906, II, 157.

[91] Encíclica Vehementer, II, 129.

[92] Encíclica Jucunda sane, I, 151.

[93] Encíclica Vehementer, II, 129 (note que, no total, 15 textos oficiais de Pio X tratam no todo ou em parte das relações entre Igreja e Estado e da laicidade).

[94] Discurso de 19 de abril de 1909, V, 208.

[95] Breve de beatificação de Joana d’Arc, 11 de abril de 1909, V, 10.

[96] Carta de 1906, II, 153.

[97] Encíclica Il fermo proposito, II, 92.

[98] Ibid.

[99] Carta sobre o Sillon, V, 127.

[100] Encíclica Pascendi, III, 119.

[101] Carta sobre o Sillon, V, 130.

[102] Alocução de 1904, I, 230.

[103] Carta de 1905, II, 113.

[104] Discurso de 1909, V, 218.

[105] Encíclica Ad diem illum, I, 87.

[106] Carta de 1913, VIII, 30.

[107] Encíclica Jucunda sane, I, 155.

[108] Ibid.

[109] Notre charge apostolique, 25 de agosto de 1910.

[110] Carta sobre o Sillon, V, 130.

[111] Leão XIII citado por Pio X na Carta sobre o Sillon, V, 131.

[112] É essencialmente o modo de eleger o chefe de estado por sufrágio popular.

[113] Leão XIII citado por Pio X na Carta sobre o Sillon, V, 131.

[114] Marcel de Corte, em Itinéraires, no. 87, novembro de 1964.

[115] Lei de 9 de dezembro de 1905 contendo “Separação da Igreja e do Estado”.

[116] Cônego F. Renaud em Ecclesia, no. 24, março de 1951.

[117] Marcel de Corte em Itinéraires, no. 87.


Fonte: Revista Corredentora, Mosteiro da Santa Cruz- RJ

CLERO PROGRESSISTA COLHE O QUE PLANTOU, PERMITINDO E ATÉ APOIANDO QUE O ESTADO SEPARASSE DA IGREJA.


Sabemos que esta separação se iniciou na revolução francesa, mas o que é inadmissível, que ao decorrer do tempo o clero progressista deram apoio á esta separação, indo contra tudo o que a Igreja sempre ensinou.

São Pio X proclama: "É tese absolutamente falsa e erro perniciosíssimo que seja preciso separar o Estado da Igreja. Com efeito, baseada no princípio de que o Estado não deve reconhecer nenhum culto religioso, essa tese é muito gravemente injuriosa a Deus, pois o criador do homem é também o fundador das sociedades humanas e as conserva na existência, do mesmo modo que nos sustenta. Nós devemos honrá-lo, portanto, não apenas com um culto privado, mas um culto público e social".

"Eis por que, lembrando-nos de nosso cargo apostólico e conscientes do imperioso dever que Nos incumbe de defender contra qualquer ataque e de manter na sua integridade absoluta os direitos invioláveis e sagrados da Igreja, em virtude da autoridade suprema que Deus Nos conferiu, Nós, pelos motivos acima expostos, reprovamos e condenamos a lei votada na França sobre a separação da Igreja e do Estado como profundamente injuriosa diante de Deus, que ela nega oficialmente, ao erigir em princípio que a República não reconhece nenhum culto”.

Deu-se então o feliz conúbio entre o sacerdócio e o império, a que se referiu Leão XIII. Sobre essa época, escrevem conceituados historiadores eclesiásticos: “O homem da Idade Média, cheio de espírito cristão, movia-se num ambiente de fé e de vida sobrenatural; sua existência neste mundo não tinha outro objetivo que o de realizar o Reino de Cristo; daí lhe parecer óbvio que seu Vigário (o Papa) interviesse em todos os atos da vida social e política. Não só o indivíduo, mas a sociedade enquanto tal devia ser governada de acordo com as normas da religião. Sua profunda mentalidade cristã não concebia a separação da Igreja e do Estado. Acima de todas as nações da Cristandade pairava a dupla autoridade do Papa e do Imperador, este como braço armado daquele”.

A união entre Igreja e Estado foi sempre ensinada e defendida pela Igreja. Bonifácio VIII na Bula Unam Sanctam já a defendera com energia e sabedoria. Os papas posteriores à Revolução Francesa ensinaram essa mesma doutrina. No Syllabus, Pio IX condenou a separação entre Igreja e Estado.

(...) A comparação da Igreja com o Sol e do Estado (a realeza) com a Lua é muito correta. A Igreja é a Luz do Mundo, pois lhe ensina a Verdade, luz espiritual. Assim também o Sol ilumina materialmente a Terra. A luz da Lua vem do Sol. E assim também toda lei humana do Estado provém da lei Divina e da lei natural ensinada pela Igreja.


Pode-se comparar também a Igreja à alma e o Estado ao corpo. É a alma que vivifica o corpo, e a Igreja dá vida à sociedade e ao Estado. A separação da alma e do corpo, traz a morte e a deterioração do corpo. Assim também, hoje, vemos a sociedade morrendo, e o corpo social se deteriorando pela separação da Igreja e do Estado.

Foi por isso, também, que Jesus disse a Pedro: “Agora, quem não tem uma espada, venda o manto e compre uma” (Lucas XXII). E Pedro lhe respondeu: “Tenho duas”. Ao que Nosso Senhor concluiu: “São suficientes”.

Porque ao Papa foram dadas duas chaves: a espiritual e a temporal. Ao Papa cabem dois poderes: o espiritual e o temporal. Não que o Papa deva governar os Estados, mas que o Papa tem o direito de excomungar e tirar o poder do governante que aja contra a Fé. E foi o que fez São Gregório VII ao excomungar o Imperador Henrique IV.

E a Igreja nunca pode errar quando ensina sobre Fé e moral, com todo o poder dado por Cristo a Pedro, ensinando a toda a Igreja, definindo claramente o que é certo e condenando o que é errado. (Orlando Fedeli) (...).

Agora o que ensina os progressistas, se aliando as declarações do inimigo declarado da Igreja à Maçonaria:

Por fim, desejo partilhar convosco a solicitude que vos anima em relação ao bem da Itália. Como tive a ocasião de realçar na Encíclica Deus caritas est (nn. 28-29), a Igreja está muito consciente de que "a distinção entre o que pertence a César e o que é de Deus faz parte da estrutura fundamental do cristianismo (cf. Mt 22, 21), isto é, entre o Estado e a Igreja, ou seja, a autonomia das realidades temporais, como ressaltou o Concílio Vaticano II na Gaudium et spes. http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/speeches/2006/may/documents/hf_ben-xvi_spe_20060518_cei_po.html

«A Igreja não só reconhece e respeita a distinção e autonomia do Estado com relação a ela, mas se alegra por este grande progresso da humanidade(ZENIT)

«O Conc. Vat. II, na Constituição "Gaudium et Spes" (nº 76), diz: "A Igreja que, em razão da sua missão e competência, de modo algum se confunde com a sociedade nem está ligada a qualquer sistema político determinado, é, ao mesmo tempo, o sinal e salvaguarda da transcendência da pessoa humana. Cada uma, comunidade política e Igreja, são independentes e autônomas.»

Trecho da declaração publica de um ex-maçon, John Salza.


“Como disse, na América a maçonaria não é considerada nociva, mas parece ser simplesmente uma organização social. E eu sempre me questionei o porquê disso. Porque ela é percebida diferentemente na Europa. E a razão é que, para começar, a América nunca foi um país católico. A América foi fundada por maçons e a ideologia da maçonaria está incrustada na Constituição dos EUA. Por exemplo, a cláusula de estabelecimento – em que o governo não respeitaria nenhuma religião -, essa é uma negação do Reino Social de Nosso Senhor Jesus Cristo. A cláusula do livre exercício, que dá direito de se praticar qualquer religião, contraria a Fé Católica.

A América vive a religião da maçonaria, daí a maçonaria não ser considerada uma ameaça. E, de fato, foram os juízes da Suprema Corte dos EUA que criaram a doutrina de separação entre Igreja e Estado nos EUA sob os Presidentes Roosevelt, Trumam e Eisenhower – todos maçons. Eles nomearam coletivamente 12 juízes da Suprema Corte dentre os maçons. E de 1941 e 1971 os maçons dominaram a Suprema Corte. E através dessas decisões judiciais criaram a doutrina maçônica de separação entre Igreja e Estado".

No Brasil artigo 19, inciso I, proíbe a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios de estabelecer, subvencionar, interferir no funcionamento ou manter relações de dependência ou aliança com igrejas.

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